Brasil X França: O que estou sentindo em relação às tragédias

Oi gente, eu já tinha outro post pra hoje, muito feliz e animado, contando sobre os passeios que fiz com a mamãe quando ela esteve aqui... Mas aí algo aconteceu ontem a noite, e precisei escrever este post. 

Se que você esta lendo este post e não sabe: Eu moro na França. Não, eu não moro em Paris, embora vire-e-mexe eu vou prá lá... 


Eu moro pertinho de Lyon. E quando eu acordei eu estava muito  chateada por que liguei a tv e vi aqueles jornalistas que admiro, ali, fazendo um ótimo trabalho, sobre uma tragédia  de me arrepiar inteira. Antes de eu falar sobre os ataques em Paris, devo informa-los que, eu, (e agora já podemos dizer que sou metade francesa e metade brasileira) já estava sensível ao assunto "tragédia" sobre o ocorrido em Minas Gerais, e como a mídia Brasileira não estava explicando láaaa muito bem o que aconteceu, eu resolvi escrever um post pra divulgar o ocorrido, já que o site SofiaPiassi.com tem uma audiência considerável para informar pessoas que possam compartilhar com mais pessoas ainda e que talvez possa espalhar a mensagem correta. 


"Tragédia ñ é competição. Tenha empatia e seja solidário ou tenha a nobreza de fazer silêncio." Thamiris Bruno. Sim, roubei essa frase(e imagem!) do facebook alheio!

Mais roubação do facebook alheio: Dessa vez a minha ex-professora, Aline Andrade Pereira.

"Pra cada terrorista que perpetrou a matança hoje em Paris tem dezenas de taxistas levando as pessoas de graça pelas ruas e outras dezenas de parisienses abrindo suas casas para desconhecidos. 

Para cada executivo da Vale tem dezenas de pessoas doando água e alimentos para os atingidos em Mariana e Governador Valadares.

Para muitas tragédias em zonas de conflito (não vou dizer todas) tem uma equipe do Médicos Sem Fronteiras trabalhando graças a doações de pessoas como eu e você.

 Para cada executivo da indústria cultural querendo barrar a liberdade na rede existem dezenas de pessoas legendando episódios de seriados e filmes de graça, compartilhando música e informação. 

Para cada pessoa que escreve hashtag bolsomito tem um exército de miçangueiros sendo treinados nos bancos de Humanas. Para cada Eduardo Cunha tem dezenas de coletivos indo as ruas defender os direitos das minorias.

 Para cada calça saruel que é confeccionada em grandes lojas que utilizam mão de obra escrava tem dezenas de jovens criando moda própria e sustentável.

 Para cada playboy queimando morador de rua tem gente da mesma idade recolhendo alimentos para asilos, creches e orfanatos.

 Para cada menina que sofre bullyng por causa do peso ou do cabelo surgem novas meninas gritando foda-se. 

Para cada pensamento de ódio tem bilhares de pessoas emitindo pensamentos bons em forma de oração, mantra, reza, batuque, energia, vibração ou só pensamento mesmo. 

Se você acha que a Humanidade piorou muito pegue um livro de História. Volte no tempo 500, 1000 ou 2000 anos e me mostre quando tivemos paz? Hoje temos poderio bélico inigualável e informação que circula. Essa é a diferença. E pelo menos ainda há o espanto. Há 1000 anos seria tudo normal.
Em suma: não é que o Mal venceu. Ele só tem uma equipe de marketing melhor. :)
E olha que eu nem sou otimista..."

 Agora,  sério gente, não é pra ofuscar o problema acontecido em Paris, por que uma tragédia dessas é preocupante para o mundo inteiro, não é para menosprezar o que aconteceu em Paris ou para comparar com o ocorrido em Minas, mas vamos compartilhar a notícia do que aconteceu em Minas do mesmo jeito que estamos fazendo por Paris. 

No meu caso, eu sou Brasileira, mas moro na França e estou mais apta a falar sobre o assunto do que ocorreu aqui. Mas se você está por dentro de tudo que está acontecendo em Minas, divulgue, espalhe a notícia, por que é MUITO sério.
Olha, não vou mentir pra você, é complicado ver meus dois países, que eu amo tanto, assim desse jeito. Eu até agora não terminei o post no qual eu iria comentar sobre minas, mas aí 6 ataques aconteceram em Paris, que fica à 4h de distância da minha casa, o que você pode pensar que é loooonge pra caramba, mas assusta qualquer um que more perto das metrópoles francesas (e isso inclui Lyon, que é aqui do lado) 

Vamos lá, resumão: o primeiro ataque foi no jogo de futebol, na primeira explosão o negócio foi tão cruel que tinham ferramentas (sim, chaves de fenda e tudo mais) deixadas perto das bombas, que obviamente voaram e machucaram muita gente. Segundo ataque foi num bar, o terceiro ataque em um restaurante, o quarto ataque em um outro restaurante, o quinto em uma casa de shows e o sexto ataque à 400 metros de distancia do estádio. 128 mortos, sendo 70 só na casa de shows (chamada Bataclan) e um total (contagem até agora) de 300 feridos. Mais informações sobre o que aconteceu, você pode ler em sites de notícias como o Le Monde (use a ferramenta de tradução do google).




Aqui neste post, eu vou contar sobre o que eu vi na televisão, o que os franceses que conversei me disseram e o que estamos sentindo.

Vamos lá, primeiramente eu gostaria de agradecer a todos os amigos que me mandaram mensagens de solidariedade, eu fiquei muito feliz de abrir meu facebook e ver que muitos amigos e pessoas que, mesmo que eu não converse tanto assim, me mandaram mensagens <3 isso foi muito legal da parte de vocês sério. Eu gostaria de dizer pra vocês que: "Náaah, que isso cara, tá tudo bem aqui... Paris é umas 4h de carro daqui" mas como o próprio Barack Obama já disse: "É um ataque contra a humanidade", e sério, tem vários problemas rolando no mundo inteiro (inclusive no meu brazilzão como falei no começo deste post) mas toda a minha atenção virou pra França, por que eu moro pertinho de Lyon, uma das principais cidades da França depois de Paris. Eu regularmente vou à Paris, eu já estive lá com a minha família, eu tenho amigos por lá, e eu estou, de verdade, chateada.

Agora, um assunto importantíssimo, 2 LIÇÕES DE COMO ESCAPAR COM VIDA:

Um jornalista, chamado Julien Pierce, deu um depoimento, lá estava ele na tv, comentando como sobreviveu ao ataque na casa de shows Bataclan. Gente presta atenção por que isso aqui é uma aula de como sobreviver: Ele se fingiu de morto, e avisou outras pessoas para fazerem o mesmo. Você sabia que vários animais fazem isso? Fingem-se de mortos quando veem que estão em perigo. Continuando, foca na lição número dois: O jornalista esperou deitado até que acabaram as balas dos atiradores, e enquanto eles recarregavam, ele saiu correndo. Ele achou uma sala de equipamentos, que de lá tinha acesso para saída, carregou uma mulher ferida com ele, entrou num taxi e a levou para o hospital. 


Calma, a história não acaba aqui, tem algo muito importante dado em outro depoimento, enquanto as pessoas iam sendo assassinadas Antoine conta que viu várias pessoas filmando e batendo fotos com o celular. Pausa, para tudo. Primeiramente,  você podia estar salvando sua própria vida ou a vida de alguém, se você não se importa com a sua, segundamente: Sério. Sabemos que a notícia é importante e que há coisas que o mundo precisa ser informado sobre. Mas até que ponto você está batendo fotos pensando no jornalismo, no mundo e etc e não na quantidade de likes e comentários que estas fotos vão gerar no seu perfil em uma rede social?

 Sabe aquela fotografia famosa de 1993, da criança no Sudão, quase sendo comida por um abutre, e você pensa "peraí, mas a pessoa que bateu essa foto podia ir direto ajudar e não parar pra bater uma foto." E olha, estamos falando de uma foto que foi mostrada ao mundo inteiro e serve até hoje pra informar as pessoas que existe fome e miséria rolando no nosso planeta. E o fotógrafo, Kevin Carter, suicidou-se devido a dor e culpa que sentia, mais tarde jornalistas do El Mundo descobriram que aquela criança sobreviveu e estava sendo ajudada, e pode-se notar na foto que ela usava uma pulseira de plástico da ajuda alimentar da ONU mas na época a mídia pressionou Kevin, e muito. Por que hoje em dia é normal vermos milhares de pessoas batendo fotos deliberadamente de tragédias e nem ligamos? No caso da casa de shows, eu achei um desrespeito com quem acabou de morrer ali e com suas respectivas famílias também.



E pra terminar esse longo post sobre como eu estou me sentindo e sobre a minha opnião e etc... Eu vou contar pra vocês o que eu fiz hoje.

 Antes de tudo, eu tenho que contar pra vocês, que na minha sala tem mais uma estrangeira além de mim, ela veio da china, todo mundo na minha sala fala nomalmente com a gente, eles não tem problemas com estrangeiros, mas é normal que os franceses falem menos com estrangeiros do que entre si, eu entendo, tem a barreira da língua, da cultura e etc. Mas tem uma garota na nossa sala que rapidamente fez amizade com a gente, e a semana inteira combinamos de ir a patinoire (é tipo uma discoteca, com música, luzes coloridas, crianças e muita patinação no gelo.) no sábado (hoje)

Nesse sábado (hoje) uma hora de tarde (eu passei a manhã toda chateada)  logo depois do almoço a campainha tocou e com o susto do barulho ding-dong eu gritei, sim, eu gritei, Clément olhou pra mim, e disse : "calma, tá tudo bem" e eu automaticamente lembrei, era a Lea, vindo me buscar pra patinar no gelo, em dias normais eu estaria pulando de alegria, por que eu AMO ir na pista de patinação, hoje eu não estava achando uma boa ideia ir à lugares públicos, mas Clément achou que é bobeira isso, medidas de segurança já estão sendo tomadas no país todo, o presidente declarou estado de emergência, então talvez isso fosse me fazer bem.



 E fez. Eu fui à Patinoire, consegui rir, me divertir, esquecer os problemas... claro que lá tinha menos gente do que em dias normais, mas espero que daqui pra frente mais dias normais venham, e que tudo volte ao que era. E o medo vá embora de vez e só fique o desejo de paz. Já são quase 10h da noite aqui, tá hora de dormir, descansar um pouco e quando eu acordar amanhã, quero continuar dando o meu melhor e sendo a melhor pessoa que eu posso ser, sendo tudo aquilo que eu desejo que as pessoas sejam, amando  e ajudando o próximo, grata por tudo que tenho e assim por diante.




Um beijo!




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sofiapiassi@gmail.com


4 comentários:

  1. O que me deixa chateada são pessoas brigando por quem merece mais reconhecimento ou algum tipo de disputa de tragédia. Eu sinto por todos, são todos seres humanos, é realmente muito triste o que aconteceu tanto no Brasil quanto na França. Perder o sentido da vida é algo avassalador. Eu só gostaria que ao invés de brigas por quem coloca a bandeira na foto da rede social ou não, existisse mais respeito e compaixão por quem precisa.
    Aguenta firme aí!
    Beijos
    karussa.com

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    1. Eu concordo tanto com você <3 #TragediaNAOécompetição

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  2. Não dê aos terroristaa o que eles mais querem : que a população fique acuada e com medo. A vida segue e Deus tenha misericórdia de todos nós.

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